quarta-feira, 6 de agosto de 2014

VIAGEM AO PERU – BANHO QUENTE/FRIO, FESTA E GUERRA DOS IDIOMAS

PRIMEIRO DIA EM CUZCO 

A cidade é bem bonita. Flores e plantas dão um charme especial

 A viagem ao Peru, sem dúvida, foi marcada pelo frio excessivo. Algo que nunca havia experimentado na vida. Não era uma simples friagem como estava acostumado no Acre. Era frio mesmo daqueles de doer no couro, daquele que castiga e força seus dentes baterem um no outro sem controle. Depois de provar do Chá de Coca na cozinha, pedi para a dona do Hotel me levar ao quarto, pois além de cansado eu só queria tomar um banho e cair na cama e acordar no outro dia, outro ano, outra vida.

O quarto era pequeno, aconchegante com duas camas gigantescas e um banheiro com aquecedor. A hora de ir ao banheiro era sofrida, tendo em vista que tudo era muito gelado. Até sentar na privada era algo que precisava de muita coragem. Ligar o chuveiro então era atitude de super-heróis, afinal, se você ligasse na torneira gelada sairia um picolé, ou se ligasse na quente sairia escaldado.  

Corredor do Hotel 
Ao fundo uma das igrejas
de Cuzco erguida pelos
Europeus. 
Essa indecisão – água quente/fria - me custou várias queimaduras nas costas e nos braços. Uma vez, ao tomar banho, a água gelada havia acabado e de repente recebi de uma vez um jato de água quente, quase fervendo. Aquilo foi desesperador. Mais consegui sair dessa pulando fora da banheira.

Depois do banho, troquei de roupa e cai na cama. Minha cabeça estava rodando, meus passos eram pesados e tudo era muito estranho. Tomei o remédio da altitude e fui dormir. Enquanto isso, o Emerson bebia todas as garrafas de chá de coca do mundo e fazia novos amigos num frio de 8°C.

Por falar em novos amigos, talvez você esteja se perguntando o que aconteceu com o paulista, Gregory, que havíamos conhecido na Rodoviária de Rio Branco. Nosso último contato foi na Rodoviária, mas, ele deixou seu e-mail e marcamos de nos encontrar de noite na praça. Ele já tinha reserva em um hotel e não queria nos acompanhar.

HORA DE ACORDAR

Lá pelas tantas da tarde acordei. Olhei para o lado e o Barbosa também não tinha aguentado e havia adormecido. Acordei varado de fome, porém, estava mais habituado com o clima e aquela sensação ruim tinha passado. Daí, quando alguém me pergunta sobre o que fazer quando chegar a Cuzco, respondo que é preciso dormir, dormir e dormir.

Prato: Frango, arroz, batata e salada com abacate
Não demorou muito e ele também acordou. Tomou banho e fomos nos arrumar pra passear pela cidade dos Incas. Pra nossa sorte o hotel que nos hospedamos ficava muito próximo da Praça Principal um dos pontos turísticos de lá. Fomos andando e no trajeto, encontramos gente de todo o mundo; da Ásia, Europa, África, America, e até de marte.

Além da diversidade de pessoas, encontramos diversidades de restaurantes, hotéis, lojas comerciais e as igrejas. Fiquei impressionado foi com o trânsito. As ruas são muito, muito estreitas e feitas de pedras. Logo me veio à mente as cenas da novela “Xica da Silva”. A civilização espanhola havia passado por lá e deixou sua marca. As sacadas das casas e prédios muito bem desenhadas e modelas.

Meu primeiro contato, de fato, com a culinária peruana foi num restaurante aconchegante que nos indicaram quando caminhávamos pelas ruas. Não recordo o nome, mas, lembro que a comida era muito barata e deliciosa. Barbosa e eu não perdemos tempo e pedimos a cerveja Cusqueña.

Logo após o almoço/lanche resolvemos entrar numa casa de café. Pedimos capuccino para espantar um pouco o frio. Cada coisa gostosa; Bolos, tortas, pães e chás. Sentimos-nos fim de tarde da Europa! Batemos um papo e fomos em direção à praça.

COM OS MEUS “BOTÕES”

O a cidade lembra um "umbigo"
Enquanto andávamos pelas ruas estreitas, fica refletindo o porquê os índios apelidaram a cidade de “umbigo”. Com o passar do tempo tirei duas conclusão. Talvez seja o formato geográfico da cidade que parecia um buraco ou cova daquelas que as cozinheiras criam com ingredientes na hora de fazer o bolo. Ou ainda, pela variedade de raças que desfilam pela cidade.


As ruas de Cuzco são estreitas e movimentadas
A Praça é linda. Tem Chafariz. Tem artistas vendendo seus quadros. Tem crianças correndo dos pombos. Tem casal de namorados. Tem declaração de amor com direito a flores e até documentário de rede de tevê. Enquanto registrávamos algumas cenas e tentávamos nos acostumar com o frio, um guia turístico nos disse que do outro lado da praça é ponto de encontro dos turistas e que lá poderíamos dançar, beber e jantar.
Não ficamos muito tempo na praça. Resolvemos ir para o hotel descansar um pouco e nos arrumar para sair mais tarde...

FIESTA, FIESTA, FIESTA

Vivenciar as noites de Cuzco era algo que mais almejava. De todos os comentários que lia na internet sobre a cidade, se falava muito bem das festas que aconteciam especialmente para turistas. Todo mundo sabe que sou muito festeiro e que os ritmos latinos são os meus prediletos na hora de balançar o esqueleto.

Na Praça das Armas ou Central de Cuzco -Peru
Seguindo a orientação do guia, fomos pros bares/boates que ficavam do outro lado da praça. O mais legal é que não se paga para entrar nesses ambientes. Na entrada, você recebe um regalo (presente) dando direito a drinques e bebidas. Pelo que entendi, os bares ficam duelando para quem atraem mais clientes. Nós, que não somos bobos, fomos a todos! Bebi todas as cervejas, copos de cuba livre e margaritas que havia ganhado de cortesia.

Cada casa tinha um ambiente especifico. Havia aquelas que tocavam Cumbia romântica, outra que só tocava música eletrônica (nessa você encontra muito americano), também existe aquela que tocavam rock pesado e outra bem eclética. Num determinado momento de uma das casas adivinhe! O DJ tocou a música do cantor brasileiro Michel Teló (nossa assim você me mata) e Ilariê da Xuxa. As pessoas pulavam, gritavam e rodavam quando tocavam esses hits. Não sabia se caia na gargalhada ou chorava. Mas, resolvi cair na folia e dançar com o pessoal.

Incrível como os brasileiros são bem vindos nesses ambientes. No meu caso, não era muito difícil perceber a minha nacionalidade, já o Emerson muitos ficavam em dúvidas se era boliviano ou até mesmo peruano. Muita gente procurava falar conosco e interagir. Algumas pessoas levantavam o copo, outras pediam para sambar, ou queriam fazer amizade visando a Copa do Brasil.

Vista do quarto do hotel para a cúpula da igreja
Lembro que um alemão começou a conversar comigo em português, daí não conseguia acompanhar meu raciocínio e passou a conversar em espanhol, depois tentou em inglês, e só que eu não entendia (sou péssimo em inglês), arriscou um francês e por fim em libras. Começamos a rir da situação. Mas entendi o seu recado: Ele queria saber se poderia hospeda-lo em minha casa por que em 2014 viajaria para assistir os jogos da Copa do Mundo. Daí, até explicar pra ele onde se localizava o Acre era mais cinco horas de “Torre de Babel”.

Fizemos muitas amizades. Trocamos muitos contatos e principalmente experiências sobre viagens, cotidiano e vida. Infelizmente não encontramos o nosso recém-amigo, Gregory.


Lá pelas tantas da madrugada, Emerson e eu, resolvemos ir dormir. No portão da boate o termômetro registrava 1°C. Apesar de bêbados sentíamos muito frio, mesmo assim resolvemos ir a pé ao hotel e curtir a madrugada tranquila da cidade de 300 mil habitantes fixos. 

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